1189 ( 1198 não há precisão na data)- / SÉCULO XII
Acontece na Idade Média, TEM CARACTERÍSTICAS PRIORITARIAMENTE FEUDAIS, tanto nas relações comerciais, bem como nas relações E PESSOAIS, AMOROSAS.
É importante citar que A IGREJA DETINHA O PODER SOBRE TUDO, por isto era ESTE PERÍODO FOI chamado de TEOCENTRISMO ( "DEUS" COMO CENTRO DO UNIVERSO).
Todas as ordens, relações passavam pelos critérios da igreja CATÓLICA,
Quando FRISEI "DEUS", HÁ QUE SE ENTENDER A IGREJA CATÓLICA , que se valia de Deus para controlar a vida das pessoas, bem como castigá-las caso não seguissem SEUS CRITÉRIOS , MUITO PECULIARES.
É nesta época que acontece a INQUISIÇÃO, famosa caça às bruxas. Bruxas era consideradas todas as mulheres que conheciam as ervas , ervas inocentes que conhecemos até hoje ( quem não sabe de uma receita de algum chazinho para quaisquer males?)
A Igreja também COBRAVA POR PECADOS DE SEUS "FIÉIS" ( COBRA INDULGÊNCIA) , isto você já deve ter visto ou certamente verá em História.
Note que estas duas disciplinas são irmãs de primeiro grau...A História rege o pensamento literário que por sua vez influência a História.
A ALFABETIZAÇÃO ERA PROIBIDA PELA IGREJA, SEU ACESSO ERA APENAS AO CLERO E A NOBREZA, PARA QUE OS POBRES PRECISAM DE ALFABETIZAÇÃO? SERIA PERIGOSO...INSTIGAR O PENSAMENTO DOS MAIS DESVALIDOS ERA AMEAÇADOR ( PENSEMOS...ERA?)
Ao pensarmos, verificamos , VERIFICAMOS QUE ATÉ HOJE A EDUCAÇÃO DE FATO, É PRIORIZADA, REALIZADA, PROGRAMADA PARA AS ELITES...
Para agradar a nobreza, eram contratados TROVADORES A FIM DE "DISTRAIR" OS MAIS ABASTADOS, APRESENTAVAM-SE EM LOCAIS PÚBLICOS. RECEBIAM "ENCOMENDAS" E POR NÃO PODEREM REGISTRAR SUA CANTIGAS ( A PRODUÇÃO LITERÁRIA REALIZADA POR TROVADORES ERAM PARA SEREM CANTADAS), SEMPRE CANTADAS POR HOMENS. HAVIAM VÁRIAS CANTIGAS, A SABER:
No intuito de retratar a vida aristocrática nas cortes portuguesas, as cantigas receberam influência de um tipo de poesia originário da Provença – região sul da França, daí o nome de poesia provençal –, como também da poesia popular, ligada à música e à dança. No que tange à temática elas estavam relacionadas a determinados valores culturais e a certos tipos de comportamento difundidos pela cavalaria feudal, que até então lutava nas Cruzadas no intuito de resgatar a Terra Santa do domínio dos mouros. Percebe-se, portanto, que nas cantigas prevaleciam distintos propósitos: havia aquelas em que se manifestavam juras de amor feitas à mulher do cavaleiro, outras em que predominava o sofrimento de amor da jovem em razão de o namorado ter partido para as Cruzadas, e ainda outras, em que a intenção era descrever, de forma irônica, os costumes da sociedade portuguesa, então vigente. Assim, em virtude do aspecto que apresentavam, as cantigas se subdividiam em:
Trovadores eram aqueles que compunham as poesias e as melodias que as acompanhavam, e cantigas são as poesias cantadas.
A designação "trovador" aplicava-se aos autores de origem nobre, sendo que os autores de origem vilã tinham o nome de jogral, termo que designava igualmente o seu estatuto de profissional (em contraste com o trovador). Ainda que seja coerente a afirmação de que quem tocava e cantava as poesias eram os jograis, é muito possível que a maioria dos trovadores interpretasse igualmente as suas próprias composições.
AS COMPOSIÇÕES DOS TROVADORES SE TORNARAM POPULARES ATRAVÉS DE LETRAS DE FÁCIL ASSIMILAÇÃO, E SE PERPETUARAM DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO ATRAVÉS DO CANTO. PODE-SE CITAR COMO ANALOGIA CANTIGAS COMO PARABÉNS PARA VOCÊ, CANTIGAS DE NINAR, AS QUAIS NÃO APRENDEMOS PELA ESCRITA, MAS POR TRANSMISSÃO ORAL DE GERAÇÃO EM GERAÇÃO.
RECORDANDO: "EU-LÍRICO- AQUELE QUE CANTA, ASSUME A LEITURA, A REPRESENTAÇÃO DA CANTIGA, PODEMOS COMPARÁ-LA ÀS CANCÕES ATUAIS QUE NEM SEMPRE REPRESENTAM O QUE O CANTOR(A) SENTE,MAS O QUE O "EU -LÍRICO" SENTE E DEMONSTRA)
CANTIGAS LÍRICAS DE AMOR
DE AMIGO ( encomendadas por mulheres mas cantadas por homens SEMPRE)
DE AMIGO ( encomendadas por mulheres mas cantadas por homens SEMPRE)
CANTIGAS SATÍRICAS DE ESCÁRNIO ( o eu-lírico faz uma sátira a alguma pessoa. Essa sátira era indireta, cheia de duplos sentidos. )
DE MALDIZER ( a cantiga de maldizer traz uma sátira direta e sem duplos sentidos. É comum a agressão verbal à pessoa satirizada, e muitas vezes, são utilizados até palavrões. O nome da pessoa satirizada pode ou não ser revelado.
Cantigas de amor
O sentimento oriundo da submissão entre o servo e o senhor feudal transformou-se no que chamamos de vassalagem amorosa, preconizando, assim, um amor cortês. O amante vive sempre em estado de sofrimento, também chamado de coita, visto que não é correspondido. Ainda assim dedica à mulher amada (senhor) fidelidade, respeito e submissão. Nesse cenário, a mulher é tida como um ser inatingível, à qual o cavaleiro deseja servir como vassalo. A título de ilustração, observemos, pois, um exemplo:
Cantiga da Ribeirinha
No mundo non me sei parelha,
entre me for como me vai,
Cá já moiro por vós, e - ai!
Mia senhor branca e vermelha.
Queredes que vos retraya
Quando vos eu vi em saya!
Mau dia me levantei,
Que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, desdaqueldi, ai!
Me foi a mi mui mal,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e bem vos semelha
Dhaver eu por vós guarvaia,
Pois eu, mia senhor, dalfaia
Nunca de vós houve nem hei
Valia dua correa.
Paio Soares de Taveirós
entre me for como me vai,
Cá já moiro por vós, e - ai!
Mia senhor branca e vermelha.
Queredes que vos retraya
Quando vos eu vi em saya!
Mau dia me levantei,
Que vos enton non vi fea!
E, mia senhor, desdaqueldi, ai!
Me foi a mi mui mal,
E vós, filha de don Paai
Moniz, e bem vos semelha
Dhaver eu por vós guarvaia,
Pois eu, mia senhor, dalfaia
Nunca de vós houve nem hei
Valia dua correa.
Paio Soares de Taveirós
Vocabulário:
Nom me sei parelha: não conheço ninguém igual a mim.
Mentre: enquanto.
Ca: pois.
Branca e vermelha: a cor branca da pele, contrastando com o vermelho do rosto, rosada.
Retraya: descreva, pinte, retrate.
En saya: na intimidade; sem manto.
Que: pois.
Des: desde.
Semelha: parece.
D’haver eu por vós: que eu vos cubra.
Guarvaya: manto vermelho que geralmente é usado pela nobreza.
Alfaya: presente.
Valia d’ua correa: objeto de pequeno valor.
Nom me sei parelha: não conheço ninguém igual a mim.
Mentre: enquanto.
Ca: pois.
Branca e vermelha: a cor branca da pele, contrastando com o vermelho do rosto, rosada.
Retraya: descreva, pinte, retrate.
En saya: na intimidade; sem manto.
Que: pois.
Des: desde.
Semelha: parece.
D’haver eu por vós: que eu vos cubra.
Guarvaya: manto vermelho que geralmente é usado pela nobreza.
Alfaya: presente.
Valia d’ua correa: objeto de pequeno valor.
Cantigas de amigo
Surgidas na própria Península Ibérica, as cantigas de amigo eram inspiradas em cantigas populares, fato que as concebe como sendo mais ricas e mais variadas no que diz respeito à temática e à forma, além de serem mais antigas. Diferentemente da cantiga de amor, na qual o sentimento expresso é masculino, a cantiga de amigo é expressa em uma voz feminina, embora seja de autoria masculina, em virtude de que naquela época às mulheres não era concedido o direito de alfabetização.
Tais cantigas tinham como cenário a vida campesina ou nas aldeias, e geralmente exprimiam o sofrimento da mulher separada de seu amado (também chamado de amigo), vivendo sempre ausente em virtude de guerras ou viagens inexplicadas. O eu lírico, materializado pela voz feminina, sempre tinha um confidente com o qual compartilhava seus sentimentos, representado pela figura da mãe, amigas ou os próprios elementos da natureza, tais como pássaros, fontes, árvores ou o mar. Constatemos um exemplo:
Ai flores, ai flores do verde pinho
se sabedes novas do meu amigo,
ai deus, e u é?
se sabedes novas do meu amigo,
ai deus, e u é?
Ai flores, ai flores do verde ramo,
se sabedes novas do meu amado,
ai deus, e u é?
se sabedes novas do meu amado,
ai deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amigo,
aquele que mentiu do que pôs comigo,
ai deus, e u é?
aquele que mentiu do que pôs comigo,
ai deus, e u é?
Se sabedes novas do meu amado,
aquele que mentiu do que me há jurado
ai deus, e u é?
aquele que mentiu do que me há jurado
ai deus, e u é?
(...)
D. Dinis
Cantigas satíricas
De origem popular, essas cantigas retratavam uma temática originária de assuntos proferidos nas ruas, praças e feiras. Tendo como suporte o mundo boêmio e marginal dos jograis, fidalgos, bailarinas, artistas da corte, aos quais se misturavam até mesmo reis e religiosos, tinham por finalidade retratar os usos e costumes da época por meio de uma crítica mordaz. Assim, havia duas categorias: a de escárnio e a de maldizer.
Apesar de a diferença entre ambas ser sutil, as cantigas de escárnio eram aquelas em que a crítica não era feita de forma direta. Rebuscadas de uma linguagem conotativa, não indicavam o nome da pessoa satirizada. Verifiquemos:
Ai, dona fea, foste-vos queixar
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!...
João Garcia de Guilhade
que vos nunca louv[o] em meu cantar;
mais ora quero fazer um cantar
em que vos loarei toda via;
e vedes como vos quero loar:
dona fea, velha e sandia!...
João Garcia de Guilhade
Nas cantigas de maldizer, como bem nos retrata o nome, a crítica era feita de maneira direta, e mencionava o nome da pessoa satirizada. Assim, envolvidas por uma linguagem chula, destacavam-se palavrões, geralmente envoltos por um tom de obscenidade, fazendo referência a situações relacionadas a adultério, prostituição, imoralidade dos padres, entre outros aspectos. Vejamos, pois:
Roi queimado morreu con amor
Em seus cantares por Sancta Maria
por ua dona que gran bem queria
e por se meter por mais trovador
porque lhela non quis [o] benfazer
fez-sel en seus cantares morrer
mas ressurgiu depois ao tercer dia!...
Pero Garcia Burgalês
Em seus cantares por Sancta Maria
por ua dona que gran bem queria
e por se meter por mais trovador
porque lhela non quis [o] benfazer
fez-sel en seus cantares morrer
mas ressurgiu depois ao tercer dia!...
Pero Garcia Burgalês
O AMOR PARA O TROVADOR, ERA ALGO IMPOSSÍVEL E DE FATO ( AO CONTRÁRIO DA ATUALIDADE) MORRIAM DE AMOR.
PARA SER AMOR, HAVIA DE SER IMPOSSÍVEL, IRREALIZÁVEL, IDEAL :UMA VEZ CONCRETIZADO O COITO AMOROSO, ACABAVA O AMOR...
Seria este pensamento tão distante de nossos dias? Ou ainda sofremos, por amores impossíveis?
Professora Psicopedagoga Simonne Machado