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sexta-feira, 1 de fevereiro de 2013

EXEMPLO:


Aprovada na Fuvest aos 53 anos, advogada será 'bixete' do filho na USP

Lindamir Monteiro prestou geografia para complementar a carreira.
'Ele não quer me dizer qual vai ser o meu trote', afirmou a 'mãe-caloura'


A turma de calouros do curso de geografia da Universidade de São Paulo, no horário vespertino, terá uma "bixete" especial e já conhecida de um dos veteranos: a advogada Lindamir Monteiro de Silva, de 53 anos, foi aprovada na Fuvest 2013 nesta sexta-feira (1º) um ano depois de seu filho Kauê, de 20 anos, garantir a vaga no mesmo curso. "Ele não quer me dizer qual vai ser o meu trote", contou ela.
Lindamir, que passou 35 anos longe de matérias como física e biologia, conta que a aprovação na Fuvest veio como um presente --ela completa 54 anos na próxima terça-feira (5). Depois de 23 anos trabalhando como procuradora do Estado de São Paulo, Lindamir se aposentou em 2011 e, no ano seguinte, se matriculou no cursinho pré-vestibular para complementar sua carreira como advogada, que ela não considera ter terminado.
"Acho que posso até dar aulas, mas o diploma de geografia é complementar da minha profissão", explicou ela, que já atuou no setor da Procuradoria do Estado responsável pela área ambiental.
Na tarde desta sexta-feira, ela e a filha Inaê, de 17 anos, planejavam a comemoração do resultado, que já tem presença confirmada dos colegas da procuradoria. Mas a festa de aniversário continua agendada, e Lindamir vai celebrar com a família e os amigos, incluindo a única colega de cursinho mais velha que ela, candidata do curso de direito. "Eu tinha uma amiga mais velha, de 56 anos, uma médica, só que ela não passou", contou a advogada.
Lindamir optou pela turma vespertina do cursinho do Objetivo, na Avenida Paulista. No horário das 17h às 21h, os alunos não são divididos entre as grandes áreas (exatas, humanas e biológicas), e a caloura afirma que é "uma turma meio desacreditada". Segundo ela, a classe começa com quase 200, mas muitos acabam desistindo. "No final, os que foram para a segunda fase eram umas dez pessoas. Fui [às aulas] até a véspera da Fuvest."
A advogada explicou que não faltava às aulas, mas não estudava em casa todos os dias. Foram 35 anos longe dos livros do ensino médio: seu último vestibular fora em 1977, para uma faculdade de direito particular em Presidente Prudente, no interior paulista, onde morava. Por isso, sua maior dificuldade foi o reencontro com "essas matérias malucas como física, química e biologia". Muitas vezes, Lindamir diz que teve a impressão de nunca ter visto o conteúdo das disciplinas antes.
Na primeira fase, porém, ela fez 54 pontos na primeira fase, bem acima da nota de corte de 38 pontos. Ao sair da última prova da segunda fase, ela conta que promoveu uma pequena comemoração, tamanha a confiança na garantia de uma vaga. Mas, conforme se aproximava a data de divulgação da primeira chamada, a confiança foi substituída pela apreensão. "Você fica pensando... Será que passei? Sempre tem gente boa, e você nunca sabe", contou a advogada.
Quando a lista foi divulgada, ela preferiu pedir para a filha buscar seu nome. Inaê, que também prestou a Fuvest e passou para a segunda fase para arquitetura, não foi convocada na primeira chamada, mas comemorou a aprovação da mãe.

Atena