Frederick Taylor (1856-11915),
No campo específico da administração das empresas, coube a dois
engenheiros o lançamento dos fundamentos de uma Teoria Geral da Administração, dando origem à chamada Escola
Clássica da Administração.
O primeiro deles foi o norte-americano Frederick Taylor (1856-11915), com
sua obra “Shop Management” (Gerência de Fábrica), lançada em 1903, que teve uma
repercussão enorme nos meios acadêmicos e empresariais.
O segundo - grego de nascimento, porém educado na França - foi o
também conhecido engenheiro Henri Fayol
(1841/1925),
com seu trabalho “Administracion Industrielle et Generale”,
publicado em 1916, e que, como o livro de Taylor, ganhou um prestígio extraordinário.
**Do ponto de vista DIDÁTICO, costuma-se dividir a Escola Clássica ou Teoria Clássica da
Administração em dois grupos: o primeiro grupo encabeçado por F. Taylor chamado “Administração
Científica”; e o segundo liderado por H. Fayol, denominado “Teoria
Clássica da Administração”.
Assim, a abordagem clássica da Administração cobre duas áreas
distintas: a operacional, de Taylor, com
ênfase nas tarefas; e a
administrativa, de Fayol, com
ênfase na estrutura organizacional.
A abordagem típica dessa Escola é a ênfase nas tarefas e seu
nome deriva da aplicação de métodos científicos (observação, experiência,
registro, análise) aos problemas da administração, com vistas a alcançar maior
eficiência industrial, produzir mais, a custos mais baixos.
O objetivo inicial de F. Taylor estava
voltado para eliminar os desperdícios nas indústrias americanas,
comprovadamente um dos elementos importantes na formação dos preços dos
produtos. Dessa forma, visava-se alcançar maior produtividade e, como menores
custos e melhores margens de lucro, enfrentar a crescente concorrência em todos
os mercados.
Para Taylor, a organização e a administração das empresas devem ser estudadas e
tratadas cientificamente e não empiricamente. A
improvisação deve ceder lugar ao PLANEJAMENTO e o
empirismo à ciência.
Assim, a obra de Taylor se
reveste de especial importância pela aplicação de uma metodologia sistemática
na análise e na solução dos problemas da organização, no sentido de baixo para
cima.
Taylor foi o
primeiro a fazer uma análise completa do trabalho na fábrica, inclusive dos
tempos e movimentos, estabelecendo padrões de execução. Ele treinou os
operários, especializou-os de acordos com as fases do trabalho, inclusive o
pessoal de supervisão e direção; instalou salas de planejamento e organizou
cada unidade, dentro do conjunto.
Taylor teve
muitos seguidores de alto valor, geralmente todos eles engenheiros
norte-americanos, entre os quais se destacam: Carl Barth (1860-1939), Henry Gautt (1861-1919), Harrington Emerson (1853-1931), Frank Gilberth (1868-1924)
e Lilian Gilbreth (1878-1961),
psicóloga.
Em resumo, assim se descreve a contribuição de cada um desses
seguidores:
• Henry Gautt
trabalhou como auxiliar de Taylor até
1902, quando passou a desenvolver estudos individuais sobre o papel
do trabalhador na produção. Enquanto Taylor
concentrava-se no estudo da tarefa em si, Gautt passou a preocupar-se mais com os trabalhadores.
Frank Gilbreth foi o colaborador de Taylor que estudou com maior
profundidade as técnicas para medir os tempos e movimentos em que se decompõe
cada tarefa.
Harrington Emerson foi um dos principais colaboradores de
Taylor, tendo procurado simplificar a
metodologia de aplicação da Administração Científica, com o propósito de
torná-la acessível a um número maior de organizações. Algumas de suas propostas o colocam
entre os precursores da Administração por Objetivos, como, por exemplo, a
ênfase que dá ao desenvolvimento de um plano - especificamente voltado para
alcançar maior eficiência.
Henry Ford
foi o
fundador da Ford, empresa que, hoje, se situa entre as maiores do mundo. Ele
foi o idealizador da produção através de linhas de montagem, que permitiu
enorme expansão na escala da produção industrial.
Os princípios básicos por ele defendidos para alcançar maior
eficiência e produtividade foram:
- Intensificação: diminuir o tempo da fabricação e da
comercialização - Economicidade: manter estoques reduzidos de matérias primas
- Produtividade: aumentar a capacidade de produção dos
trabalhadores, através da especialização e do trabalho conjugado.
• Lilian
Gilbreth, esposa de Frank Gilbreth, foi a precursora da psicologia aplicada ao
trabalho. Defendeu que o aumento da produtividade depende, fundamentalmente, da
atitude dos empregados, das oportunidades a eles oferecidas e ao ambiente
físico do local de trabalho. Realizou, também, estudos sobre micromovimentos,
concluindo que qualquer tarefa na produção industrial pode ser dividida nos
seguintes movimentos básicos:
1) procurar;
2) escolher;
3) pegar;
4) transportar vazio;
5) transportar cheio;
6) pré-posicionar;
7) posicionar;
8) unir;
9) separar;
10) utilizar;
1) soltar a carga;
12) inspecionar;
13) segurar;
14) esperar;
15) repousar e
16) planejar.
Frederick
Taylor nasceu de uma família “quaker”, de princípios rígidos de
disciplina, devoção ao trabalho e poupança. Durante seus estudos, foi muito influenciado pelos problemas sociais e
empresariais decorrentes da Revolução Industrial, na época mais aguda do então
denominado “capitalismo selvagem”. Iniciou sua vida como operário, em 1878,
passando a capataz, contramestre, chefe de oficina e engenheiro, em 1885.
Naquela
época, o sistema de pagamento era por peça ou tarefa, o que muitas vezes levava
o patrão a forçar demasiado o ritmo de produção, criando conflitos com os
empregados, ou levando esses a reações que terminavam por afetar negativamente
a produção. Isso levou Taylor a examinar o problema da produção em seus mínimos detalhes.
Iniciou suas observações e estudos pelo trabalho do operário, no “chão da
fábrica”, tendo posteriormente estendido suas conclusões também aos níveis de
administração. Taylor registrou cerca de 50 patentes de invenções
sobre máquinas, ferramentas e processos de trabalho.
Trabalhando junto aos operários, no nível de execução, Taylor realizou um paciente trabalho
da análise das tarefas de cada operário, decompondo seus movimentos e processos
de trabalho, aperfeiçoando-os e racionalizando-os gradativamente. Chegou à conclusão de que o operário médio
produzia potencialmente muito menos do que era capaz, com o equipamento
disponível. Daí, a ideia mecanicista de fazer com que o trabalhador se
ajustasse à máquina. Observou,
igualmente, que o trabalhador mais diligente perdia o estímulo e o interesse ao
receber remuneração igual ao que produzia menos e concluiu pela necessidade de
criar condições para pagar mais ao operário que produzisse mais.
Em seu livro “Gerência
de Fábrica”, Taylor expõe
as seguintes conclusões:
1) O objetivo de uma boa
administração é pagar salários altos e ter baixos custos unitários de produção.
2) A administração deve aplicar métodos científicos de pesquisa
e experimentação, a fim de formular princípios e estabelecer processos
padronizados que permitam o controle das operações fabris.
3) Os empregados devem ser cientificamente colocados em serviços
ou postos em que os materiais e as condições de trabalho sejam cientificamente
selecionados, para que as normas possam ser cumpridas.
4) Os empregados devem ser cientificamente adestrados para
aperfeiçoar suas aptidões e, portanto, executar um serviço ou tarefa de modo
que a produção normal seja cumprida.
5) Uma atmosfera de cooperação deve ser cultivada entre a
Administração e os trabalhadores, para garantir a continuidade dessa ambiente
psicológico que possibilite a aplicação dos princípios mencionados.
Posteriormente, em uma fase que se costuma caracterizar com o 2º
período de Taylor, este
chegou à conclusão de que não basta a racionalização do trabalho operário, mas,
que necessariamente, essa racionalização deve abranger toda a empresa, a
estruturação geral da empresa.
Assim, em seu livro
“Administração Científica”, Taylor concluiu que a baixa
produtividade do trabalho – que chegava a um terço do que seria normal –
decorre não apenas do operário, mas, também de um sistema defeituoso de
administração, aos métodos ineficientes de organização e falta de uniformidade
das técnicas e métodos de trabalho. Nesse livro, Taylor enumera as bases da administração científica:
1 – o estudo do tempo e padrões de produção;
2 – a supervisão funcional;
3 – a padronização de ferramentas e instrumentos;
4 – o planejamento de tarefas e cargos;
5 – o princípio da exceção;
6 – a utilização de instrumentos para economizar tempo;
7 – fichas de instrução de serviço;
8 – a ideia de tarefa, associada a prêmios de produção;
9 – um sistema de classificação dos produtos e dos insumos
(matéria prima, etc);
10- um sistema de delineamento das rotinas de trabalho.
Ao abordar a questão dos tempos e movimentos, a ideia de Taylor era a de eliminar os
desperdícios do esforço humano, substituindo movimentos inúteis por outros mais
eficazes, treinar os operários com
vistas á maior especialização, de acordo com as tarefas e estabelecimento de
normas de atuação. Paralelamente, procurava melhorar a eficiência do
operário e o rendimento da produção, permitindo maior remuneração (prêmios)
pelo aumento da produção.
Dos
seguidores auxiliares de Taylor, destaca-se Frank Gilberth, na
área dos estudos sobre tempos e movimentos e sobre a fadiga. Outro importante
colaborador foi Harrington
Emerson, que não só popularizou
a Administração Científica, como desenvolveu os primeiros trabalhos sobre
seleção e treinamento de empregados. É o autor dos “Doze Princípios da
Eficiência”.
Ainda
dentro da escola
Clássica, temos Henry Ford que, como Taylor, iniciou sua vida como
simples mecânico, chegando a engenheiro chefe de fábrica. Em 1899, fundou sua
primeira fábrica de automóveis, com sérias dificuldades, mas, em 1913 já
fabricava 800 carros por dia, modelos populares, com planos financiados de
vendas e de assistência técnica, que revolucionaram a estratégia comercial da
época.
Ford
estabeleceu o salário mínimo de 5 dólares por dia, para seus empregados e a
jornada de 8 horas de trabalho, quando, na Europa, a jornada ainda variava de
10 a 12 horas.
Através
da racionalização da produção, idealizou a linha de montagem, que permitiu a
produção em série e em massa. Ford adotou três princípios básicos:
- Princípio
da intensificação (diminuir o tempo de produção) - Princípio da economicidade
(estoque mínimo e alta velocidade de vendas)
- Princípio
da produtividade
Conforme assinalamos antes, ao lado da Administração Científica
de F. Taylor,
desenvolvida nos Estados Unidos, surgiu na França o outro pilar da Escola Clássica, comandado por Henry Fayol -
também engenheiro -, nascido na Grécia e educado no França, onde trabalhou e
desenvolveu seus estudos.
Enquanto na Administração Científica a ênfase está colocada na
tarefa que realiza cada operário, na Teoria Clássica de Fayol e seus seguidores a ênfase é posta na estrutura da organização. No
fundo, o objetivo das duas correntes é o mesmo: maior produtividade do
trabalho, maior eficiência do trabalhador e da empresa.
A Teoria Clássica da Administração partiu de uma abordagem sintética,
global e universal da empresa, com uma visão anatômica e estrutural, enquanto
na Administração Científica a abordagem era, fundamentalmente operacional
(homem/máquina).
A experiência administrativa de Fayol começa como gerente de minas, aos 25 anos e prossegue na
Compagnie Comantry Fourchambault
et Decazeville, aos 47 anos, uma empresa em difícil situação, que ele administra
com grande eficiência e, em 1918, entrega ao seu sucessor em situação de
notável estabilidade. Fayol sempre
afirmou que seu êxito se devia não só às suas qualidades pessoais, mas aos
métodos que empregara. Exatamente como Taylor, Fayol procurou demonstrar que, com previsão
científica e métodos adequados de gerência, os resultados desejados podem ser
alcançados.
Sua
teoria da Administração está exposta em seu famoso livro “Administração
Industrial e Geral”, publicado em 1916 e, basicamente, está
contida na proposição de que toda empresa pode ser dividida em seis grupos de
funções, a saber:
1) Funções técnicas, relacionadas com a produção de bens e
serviços da empresa.
2) Funções comerciais, relacionadas com a compra e venda.
3) Funções financeiras, relacionadas com a procura e gerência de
capitais.
4) Funções de segurança, relacionadas com a proteção e
preservação dos bens e das pessoas.
5) Funções contábeis, relacionadas com os inventários,
registros, balanços e estatísticas.
6) Funções administrativas, relacionadas com a integração de
cúpula das outras cinco funções. As funções administrativas coordenam e
sincronizam as demais funções da empresa, pairando sempre acima delas.
Nenhuma das cinco funções essenciais tem o encargo de formular o
programa geral da empresa. Essa atribuição compete à 6ª função, a função
administrativa que constitui, propriamente, a Administração.
Para deixar claro essa função coordenadora, Fayol assim define o ato de
administrar:
1) Prever: visualizar o futuro e traçar o programa
de ação.
2) Organizar:
constituir o duplo organismo da empresa, material e social.
3) Comandar: dirigir e orientar o pessoal
4) Coordenar: ligar, unir, harmonizar todos os atos e
todos os esforços coletivos.
5) Controlar:
verificar que tudo ocorra de acordo com as regras estabelecidas e as ordens
dadas.
Segundo
Fayol, a
Administração não se refere apenas ao topo da organização: existe uma
proporcionalidade da função administrativa, que não é privativa da alta cúpula,
mas, ao contrário, se distribui por todos os níveis hierárquicos. Segundo ele,
tudo em Administração é questão de medida, de ponderação e de bom
senso. Os princípios que regulam a empresa devem ser flexíveis e maleáveis, e
não rígidos.
São
princípios fundamentais de Fayol:
1) divisão de trabalho;
2) autoridade e responsabilidade;
3) disciplina;
4) unidade de comando;
5) unidade de direção;
6) subordinação dos
interesses individuais ao interesse geral;
7) remuneração justa ao
pessoal;
8) centralização;
9) linha de autoridade;
10) ordem;
11) equidade;
12) estabilidade do pessoal;
13) iniciativa e;
14) espírito de equipe.
A Teoria Clássica de Fayol concebe
a organização em termos de estrutura, forma e disposição das partes que a
constituem. Assim, a estrutura e a forma de organização marca a essência da
Teoria Clássica, como concebida por Fayol.
Vários seguidores de Fayol realizaram estudos relevantes sobre a
Teoria da Administração, destacando-se entre eles:
• Luther
Gulick: Foi o teórico de posições menos dogmáticas, considerando como
elementos fundamentais na caracterização de uma organização a divisão do
trabalho e a coordenação. Quanto às funções administrativas, propôs a seguinte
divisão:
1) planejamento;
2) organização;
3) administração de pessoal;
4) coordenação;
5) informação e orçamento.
James D.
Mooney: Estudioso dos problemas relacionados com a coordenação,
principalmente, enfatizando a importância de realizá-la dentro de uma comunhão
de interesses de todos os envolvidos, coordenador e coordenados.
O poder coordenador supremo representa a autoridade dentro da
empresa. Analisou o “princípio escolar”, o qual envolve os conceitos de
liderança, delegação e definição funcional. Para ele, o modelo militar deveria
ser o paradigma do comportamento administrativo.
Oliver
Sheldon: Foi o único autor da Escola Clássica a perceber a responsabilidade
social das organizações, ou seja, a responsabilidade da empresa em
fornecer bens e serviços para o bem estar da população. Propôs a divisão da
administração em três níveis: administração que fixa as políticas; gerência que
as executa; e organização, que combina os trabalhos individuais e grupais.
Lyndal F.Urwick: Foi
muito mais um compilador e divulgador de Fayol do que propriamente um colaborador, até porque era 50 anos mais
novo que aquele. Ampliou os atos da função administrativa para: investigação,
previsão, planejamento, organização, coordenação, comando e controle.
Para Urwick a divisão do trabalho se processa em
duas direções: uma vertical, indicando os tipos de atividades; e outra
horizontal indicando os níveis de autoridade. Também defendeu o
princípio da departamentalização, através da qual se obtém a homogeneidade, ou
seja, a integração da função, do processo, da clientela e da localização.
Vê-se, pois, que divisão do trabalho é o elemento comum mais
importante entre Taylor e
Fayol, mas enquanto na Administração Científica a divisão do trabalho
se processa ao nível do operário, fragmentando as tarefas, na Administração
Clássica a preocupação com a divisão se opera ao nível dos órgãos que compõem a
organização, isto é, os departamentos, divisões, seções, unidades.
A maior crítica relativa à influência negativa que os conceitos Taylor e Fayol
tiveram na gestão de empresas - mais especificamente nas indústrias – pode ser
claramente observado no filme de CHAPLIN: "Tempo Modernos".
Dessa
forma, tanto as teorias desenvolvidas por Taylor, como as de Fayol, sofreram críticas por serem
eminentemente mecanicistas e, até mesmo, motivadas no sentido da exploração do
trabalhador, como se fora uma máquina.
Principalmente a partir da contribuição de psicólogos e
sociólogos, iniciada com Elton Mayo e Mary Parker Follet, surgem outras escolas de Administração,
a começar pela Escola de Relações Humanas.
A partir daí, as teorias de Taylor são vistas como distorcidas,
do ponto de vista do trabalhador, considerado uma simples peça no processo de
produção e submetido a uma supervisão policialesca. Por
outro lado, não corresponde à verdade o conceito genérico de que o trabalhador
não tem outros interesses e motivações senão os representados pela recompensa
financeira.
Da mesma forma se estendem as
críticas às teorias de Fayol, às
quais se nega a comprovação da validade dos princípios estabelecidos, pela
ausência de trabalhos experimentais.
*Para melhor e efetiva compreensão, recomenda-se que se assista o "Filme Tempos Modernos De Charlie Chaplin"., em que o autor faz críticas severas à mecanização do trabalhador ;abaixo postado para maior comodidade:
Professora Psicopedagoga Simonne Machado