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quinta-feira, 25 de junho de 2015

Lev Vygotsky















Foi um psicólogo bielo-russo, descoberto nos meios acadêmicos ocidentais depois da sua morte, aos 

38 anos. Pensador importante foi pioneiro na noção de que o desenvolvimento intelectual das 

crianças ocorre em função das interações sociais e condições de vida.

Alguns conceitos

Para Vygotsky, o desenvolvimento mental da criança é um processo contínuo de aquisição de 

controle ativo sobre funções inicialmente passivas.

Desenvolvimento intelectual e linguístico da criança relacionado à interiorização do diálogo em fala 

interior e pensamento.

Desenvolvimento do agrupamento conceitual das crianças, onde inicialmente há um amontoado de 

conceitos, depois um complexo de conceitos, pseudoconceitos e, finalmente, conceitos verdadeiros.

A capacidade de impor estruturas superiores no interesse de ver as coisas de modo mais simples e 

profundo é tida como um dos poderosos instrumentos da inteligência humana. Essa capacidade evita 

que, ao contato com novos conceitos, a criança tenha de reestruturar os conceitos já incorporados.

Para Vygotsky o brinquedo é o mundo imaginário onde a criança pode realizar seus desejos.

Zona de desenvolvimento proximal – é a “lacuna” entre aquilo que o indivíduo pode realizar 

sozinho e aquilo em que ele vai precisar da ajuda de alguém.

Vida

Quando Iniciou sua carreira como psicólogo após a Revolução Russa de 1917, Vygotsky já havia 

contribuído com vários ensaios para crítica literária. Em 1924 proferiu uma palestra intitulada 

“Consciência como um Objeto da Psicologia do Comportamento”, causando impacto nas teorias 

behavioristas  existentes na época.

Ele buscava uma descrição e uma explicação das funções psicológicas superiores (pensamento, 

lembrança voluntária, raciocínio dedutivo, por exemplo), contrapondo-se à teoria baseada no 

estímulo-resposta. Criticou a teoria de que os processos mentais adultos estão latentes na criança, 

bastando apenas sua maturação.

Foi um dos primeiros defensores da associação da psicologia cognitiva experimental com a 

neurologia e a fisiologia, ao insistir que as funções psicológicas são produtos da atividade cerebral.

Materialismo Dialético – simultaneidade entre corpo e alma. Todo fenômeno tem uma história, 

que se modifica quantitativa e qualitativamente e essa mudança pode explicar a evolução dos 

processos psicológicos elementares em processos complexos.

Materialismo histórico mudanças na sociedade produzem mudanças no ser humano. 

Vygotsky desenvolveu a teoria de que a sociedade afeta diretamente a evolução dos processos 

psicológicos superiores do homem.

Para Vygotsky, os processos mentais devem ser entendidos historicamente. Foi um dos fundadores 

do Instituto de Estudos das Deficiências, em Moscou. Lecionou e escreveu extensamente sobre 

problemas da educação. Utilizava o termo pedologia (do Gr. pais, paidós, criança + lógos, tratado), 

que pode, grosseiramente, ser traduzido por psicologia educacional.

Foi acusado de chauvinista russo, por ter declarado que a população iletrada da região não 

industrializada da Ásia Central, ainda não tinha a capacidade intelectual da civilização moderna.

Escreveu sobre o método genético-experimental, que é um experimento que, se adequadamente 

concebido, pode dar ao experimentador condições de saber o curso real do desenvolvimento de uma 

determinada função. 

Uma técnica usada por Vygotsky era a de introduzir obstáculos e dificuldades na tarefa a fim de 

quebrar o método rotineiro de solução de problemas. Nesse estudo o mais importante não era o 

nível de desempenho, mas os métodos usados pela criança.

Principais contribuições de Vygotsky

Os resultados experimentais podem ser tanto quantitativos, quanto qualitativos; Ruptura das barreiras 

entre estudo de “campo” e em “laboratório”.

Método de estudo que procura traçar a história do desenvolvimento das funções psicológicas, 

alinhando-as ao ambiente social, cultural e econômico de crescimento do sujeito.

Dois anos após sua morte, o Comitê Central do Partido Comunista baixou um decreto proibindo 

todos os testes psicológicos na União Soviética e todas as revistas de Psicologia deixaram de ser 

publicadas durante 20 anos.        

Um grande movimento de experimentação e fermentação intelectual chegava ao fim.

Algumas publicações de Vygotsky

1915 – A tragédia de Hamlet, príncipe da Dinamarca. Arquivo pessoal, manuscrito;

1922 – Sobre os métodos do ensino de literatura nas escolas secundárias. Relatório à Conferência 

Distrital de Metodologia Científica, 07 de agosto de 1922. Arquivo pessoal, manuscrito;

1923 – A investigação do processo de compreensão de linguagem utilizando a tradução múltipla de 

texto de uma língua para outra. Arquivo pessoal;

1924 – Problemas de educação de crianças cegas, surdas-mudas e retardadas. Moscou, SPON NKP 

Publicações, 1924;

Métodos de investigação psicológica e reflexológica. Relatório apresentado no Encontro Nacional de 

Psiconeurologia, Leningrado, 2 de janeiro de 1924. In: Problemas da Psicologia contemporânea, II, 

26- 46, Leningrado. Casa de Publicações do Governo, 1926;

Os princípios de educação de crianças com defeitos físicos, 1924, nº. 1, pp. 112-20;

1925 – Os princípios de educação social de crianças surdas-mudas. Arquivo pessoal, manuscrito, 26 

pp.

Prefácio de Além do princípio do prazer de S. Freud. Moscou, Problemas Contemporâneos, 1925 

(em colaboração com A.R. Luria).

O consciente como problema da psicologia experimental. In Psicologia e marxismo, I. 175-98. 

Moscou-Leningrado. Casa de Publicações do Governo, 1925;

Suas maiores contribuições estão nas reflexões sobre o desenvolvimento infantil e sua relação com a 

aprendizagem em meio social, e também o desenvolvimento do pensamento e da linguagem.

Nos aprofundando um pouco mais nas idéias de Vygotsky…

Desenvolvimento e Aprendizagem: a Zona de Desenvolvimento Proximal

Na chamada perspectiva sócio-interacionista, sócio-cultural ousócio-histórica, abordada por 

L. Vygotsky, a relação entre o desenvolvimento e a aprendizagem está atrelada ao fato de o ser 

humano viver em meio social, sendo este a alavanca para estes dois processos. Isso quer dizer 

que os processos caminham juntos, ainda que não em paralelo. Entenderemos melhor essa 

relação ao discutir a Zona de Desenvolvimento proximal.

Os conceitos sócio-interacionistas sobre desenvolvimento e aprendizagem se fazem sempre 

presentes, impelindo-nos à reflexão sobre tais processos. Como lidar com o desenvolvimento natural 

da criança e estimulá-lo através da aprendizagem? Como esta pode ser efetuada de modo a contribuir para o desenvolvimento global da criança?

Em Vygotsky, ao contrário de Piaget, o desenvolvimento – principalmente o psicológico/mental (que 

é promovido pela convivência social, pelo processo de socialização, além das maturações orgânicas) 

– depende da aprendizagem na medida em que se dá por processos de internalização de conceitos, 

que são promovidos pela aprendizagem social, principalmente aquela planejada no meio escolar.

Ou seja, para Vygotsky, não é suficiente ter todo o aparato biológico da espécie para realizar 

uma tarefa se o indivíduo não participa de ambientes e práticas específicas que propiciem esta 

aprendizagem. Não podemos pensar que a criança vai se desenvolver com o tempo, pois esta 

não tem, por si só, instrumentos para percorrer sozinha o caminho do desenvolvimento, que 

dependerá das suas aprendizagens mediante as experiências a que foi exposta.

Neste modelo, o sujeito – no caso, a criança – é reconhecida como ser pensante, capaz de 

vincular sua ação à representação de mundo que constitui sua cultura, sendo a escola um 

espaço e um tempo onde este processo é vivenciado, onde o processo de ensino-aprendizagem 

envolve diretamente a interação entre sujeitos.

Essa interação e sua relação com a imbricação entre os processos de ensino e aprendizagem podem 

ser melhor compreendidos quando nos remetemos ao conceito de  ZDP.

Para Vygotsky (1996), Zona de Desenvolvimento Proximal (ZDP), é a distância entre o nível de 

desenvolvimento real, ou seja, determinado pela capacidade de resolver problemas 

independentemente, e o nível de desenvolvimento proximal, demarcado pela capacidade de 

solucionar problemas com ajuda de um parceiro mais experiente. São as aprendizagens que 

ocorrem na ZDP que fazem com que a criança se desenvolva ainda mais, ou seja, desenvolvimento com aprendizagem na ZDP leva a mais desenvolvimento,por isso dizemos 

que, para Vygotsky, tais processos são indissociáveis.

É justamente nesta zona de desenvolvimento proximal que a aprendizagem vai ocorrer.

função de um educador escolar, por exemplo, seria, então, a de favorecer esta aprendizagem, 

servindo de mediador entre a criança e o mundo. Como foi destacado anteriormente, é no 

âmago das interações no interior do coletivo, das relações com o outro, que a criança terá 

condições de construir suas próprias estruturas psicológicas (Creche Fiocruz, 2004). É assim 

que as crianças, possuindo habilidades parciais, as desenvolvem com a ajuda de parceiros mais 

habilitados (mediadores) até que tais habilidades passem de parciais a totais. Temos que trabalhar, 

portanto, com a estimativa das potencialidades da criança, potencialidades estas que, para tornarem-

se desenvolvimento efetivo, exigem que o processo de aprendizagem, os mediadores e as 

ferramentas estejam distribuídas em um ambiente adequado (Vasconcellos e Valsiner, 1995).

Temos portanto uma interação entre desenvolvimento e aprendizagem, que se dá da seguinte 

maneira: em um contexto cultural, com aparato biológico básico interagir, o indivíduo se desenvolve 

movido por mecanismos de aprendizagem provocados por mediadores.

Para Vygotsky, o processo de aprendizagem deve ser olhado por uma ótica prospectiva, ou 

seja, não se deve focalizar o que a criança aprendeu, mas sim o que ela está aprendendo. Em 

nossas práticas pedagógicas, sempre procuramos prever em que tal ou qual aprendizado 

poderá ser útil àquela criança, não somente no momento em que é ministrado, mas para além 

dele. É um processo de transformação constante na trajetória das crianças. 

As implicações desta relação entre ensino e aprendizagem para o ensino escolar estão no fato de que 

este ensino deve se concentrar no que a criança está aprendendo, e não no que já aprendeu. Vygotksy 

firma está hipótese no seu conceito de zona de desenvolvimento proximal(ZDP).

Pensamento e Linguagem:
            

Existem duas grandes vertentes na Psicologia que explicam a aquisição da linguagem: uma delas 

defende que a linguagem já nasce conosco; outra, que é aprendida no meio. Vejamos os principais 

autores de cada uma das partes:

Proposta ambientalista: “do nada ao tudo através da experiência”

Skinner: possibilidade de explicar a linguagem e qualquer comportamento humano complexo pelos 

mesmos princípios estudados em laboratório.

A proposta inatista forte:

Chomsky: o bebê nasce com todo o aparato. Nada é aprendido no ambiente; é apenas disparado por 

ele. A criança apenas vai se moldando às especificidades da sua língua.

A proposta interacionista:
            
Piaget: o mecanismo interacionista — a linguagem faz parte de uma função mais ampla, que é a 

capacidade de representar a realidade através de significados que se distinguem de significantes.

Vygotsky: raízes genéticas do pensamento e da linguagem – linguagem é considerada como 

instrumento mais complexo para viabilizar a comunicação, a vida em sociedade. Sem 

linguagem, o ser humano não é social, nem histórico, nem cultural.

Bruner: Psicologia cultural – defende a visão cultural do desenvolvimento da linguagem e coloca a 

interação social no centro de sua atenção sobre o processo de aquisição.

Cole: Sociocultural – para que a criança adquira mais do que rudimentos de linguagem, ela deve não 

apenas ouvir ou ver linguagem, mas também participar de atividades que a linguagem ajuda a criar e 

manter.

Segundo Vygotsky…

As funções da linguagem

A linguagem é, antes de tudo, social. Portanto, sua função inicial é a comunicação, expressão e 

compreensão. Essa função comunicativa está estreitamente combinada com o pensamento. A 

comunicação é uma espécie de função básica porque permite a interação social e, ao mesmo tempo, 

organiza o pensamento.

Para Vygotsky, a aquisição da linguagem passa por três fases: a linguagem social, que seria esta 

que tem por função denominar e comunicar, e seria a primeira linguagem que surge. Depois 

teríamos a linguagem egocêntrica e a linguagem interior, intimamente ligada ao pensamento.

A linguagem egocêntrica

A progressão da fala social para a fala interna, ou seja, o processamento de perguntas e 

respostas dentro de nós mesmos – o que estaria bem próximo ao pensamento, representa a 

transição da função comunicativa para a função intelectual. Nesta transição, surge a chamada fala 

egocêntrica. Trata-se da fala que a criança emite para si mesmo, em voz baixa, enquanto está 

concentrado em alguma atividade. Esta fala, além de acompanhar a atividade infantil, é um 

instrumento para pensar em sentido estrito, isto é, planejar uma resolução para a tarefa durante a 

atividade na qual a criança está entretida (Ribeiro, 2005).

A fala egocêntrica constitui uma linguagem para a pessoa mesma, e não uma linguagem social, com 

funções de comunicação e interação. Esse “falar sozinho” é essencial porque ajuda a organizar 

melhor as ideias e planejar melhor as ações. É como se a criança precisasse falar para resolver um 

problema que, nós adultos, resolveríamos apenas no plano do pensamento / raciocínio.

Uma contribuição importante de Vygotsky e seus colaboradores, descrita no livro Pensamento e 

Linguagem (1998), do mesmo autor, é o fato de que, por volta dos dois anos de idade, o 

desenvolvimento do pensamento e da linguagem – que até então eram estudados em separado – se 

fundem, criando uma nova forma de comportamento.

Este momento crucial, quando a linguagem começa a servir o intelecto e os pensamentos começam a 

oralizar-se – a fase da fala egocêntrica – é marcado pela curiosidade da criança pelas palavras, por 

perguntas acerca de todas as coisas novas (“o que é isso?”) e pelo enriquecimento do vocabulário.

O declínio da vocalização egocêntrica é sinal de que a criança progressivamente abstrai o som, 

adquirindo capacidade de “pensar as palavras”, sem precisar dizê-las. Aí estamos entrando na 

fase do discurso interior.  Se, durante a fase da fala egocêntrica houver alguma deficiência de 

elementos e processos de interação social, qualquer fator que aumente o isolamento da criança, 

iremos perceber que seu discurso egocêntrico aumentará subitamente. Isso é importante para o 

cotidiano dos educadores, em que eles podem detectar possíveis deficiências no processo de 

socialização da criança. (Ribeiro, 2005)

Discurso interior e pensamento

O discurso interior é uma fase posterior à fala egocêntrica. É quando as palavras passam a ser 

pensadas, sem que necessariamente sejam faladas. É um pensamento em palavras. Já o 

pensamento é um plano mais profundo do discurso interior, que tem por função criar conexões e 

resolver problemas, o que não é, necessariamente, feito em palavras. É algo feito de ideias, que 

muitas vezes nem conseguimos verbalizar, ou demoramos ainda um tempo para achar as palavras 

certas para exprimir um pensamento.

O pensamento não coincide de forma exata com os significados das palavras. O pensamento vai 

além, porque capta as relações entre as palavras de uma forma mais complexa e completa que a 

gramática faz na linguagem escrita e falada. Para a expressão verbal do pensamento, às vezes é 

preciso um esforço grande para concentrar todo o conteúdo de uma reflexão em uma frase ou em um 

discurso. Portanto, podemos concluir que o pensamento não se reflete na palavra; realiza-se 

nela, a medida em que é a linguagem que permite a transmissão do seu pensamento para outra 

pessoa (Vygotsky, 1998)


Finalmente, cabe destacar que o pensamento não é o último plano analisável da linguagem. Podemos 

encontrar um último plano interior: a motivação do pensamento, a esfera motivacional de nossa 

consciência, que abrange nossas inclinações e necessidades, nossos interesses e impulsos, nossos 

afetos e emoções. Tudo isso vai refletir imensamente na nossa fala e no nosso pensamento. 

(Vygotsky 1998)

http://simonnemachado.blogspot.com.br/

Professora  Psicopedagoga Simonne Machado