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sábado, 9 de junho de 2012

Professora com doença grave luta na Justiça para receber remédio em BH

Na primeira fase do tratamento, a paciente conseguiu o 

medicamento.


Por mês, o valor dos comprimidos fica em mais de R$ 10 mil.

Alex Araújo

O drama da professora universitária Maria do Carmo Xavier, de 53 anos,

que mora em Belo Horizonte, começou há mais de um ano e não tem data prevista para 

terminar. Em março de 2011, ela descobriu que tinha um tumor cerebral e, para lutar contra a 

doença – e contra o tempo, precisou fazer cirurgia e tratamentos com quimioterapia e 

radioterapia, além de usar o medicamento oral com o princípio ativo de nome temozolomida.
Maria do Carmo Xavier precisa do remédio como tratamento complementar. (Foto: Alex Araújo/G1)Maria do Carmo Xavier precisa do remédio para combater tumor cerebral. (Foto: Alex Araújo/G1)
“Antes, eu não sentia nada, mas um dia eu estava fazendo caminhada e começou um

formigamento no corpo. A primeira suspeita médica foi de que eu estivesse tendo um AVC

[acidente vascular cerebral]”, explicou Maria do Carmo, com relação aos primeiros sintomas

que teve.
A partir dos exames, os médicos diagnosticaram que ela estava com um tumor no cérebro,

com 4,4 milímetros. Em três meses, ela foi a nove neurologistas e, em junho, a professora 

passou por uma cirurgia que removeu parte do tumor de nome glioblastoma multiforme, 

conhecido também pela sigla GBM.
Depois da operação, ela fez quimioterapia, radioterapia e precisou usar o temozolomida. Mas

um detalhe importante assustou a paciente e a família dela: nas doses e quantidades que a

professora precisava, a conta mensal para pagar o remédio fica em R$ 10,2 mil.
O remédio não é oferecido pelo Sistema Único de Saúde (SUS) e, por isso, ela entrou na

Justiça pedindo a liberação do medicamento. Em primeira instância, o Poder Judiciário

concedeu o direito, mas a Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais (SES-MG) entrou

com um recurso, e o benefício foi suspenso.
Para não interromper o tratamento, a família precisou sacar o Fundo de Garantia por Tempo

de Serviço (FGTS) para comprar os remédios. Maria do Carmo disse que também contou com 

a solidariedade de parentes e amigos. “O remédio é o mais avançado para o tratamento. É o 

que diminui com mais eficiência o tamanho do tumor”, salientou.
“A gente precisa ter projetos para dar sentido à vida”, destacou Maria do Carmo. E esses

projetos estão cada vez mais vivos para ela. Um deles é conseguir a medicação que termina

nesta semana. “A gente tem que ter força porque a perspectiva de vida mudou”.
Antônio Alves da Silva (Foto: Alex Araújo/G1)Antônio Alves da Silva conseguiu, na Justiça, o
medicamento do filho Anthony Christian.
(Foto: Alex Araújo/G1)
Outro drama

E as mudanças trazidas pela vida podem causar

surpresas. Com a mesma doença que Maria do

Carmo, o empresário Anthony Christian Duarte

Alves, de 33 anos, também de Belo Horizonte,

descobriu que tinha um GBM no cérebro em

dezembro de 2010.
Em janeiro de 2011, ele fez uma cirurgia e todo o tumor foi retirado. Quimioterapia, radioterapia

e o temozolomida também foram os tratamentos prescritos pelos médicos a Anthony.
Contudo, em março deste ano, o tumor reapareceu e outra operação precisou ser feita. No

procedimento, 96% do GBM foi retirado e os outros 4% que não puderam ser removidos

precisam ser combatidos com o temozolomida. Mas Anthony teve sorte e, também pela

Justiça, conseguiu o medicamento.
De acordo com o pai de Anthony, o funcionário público Antônio Alves da Silva, de 58 anos, no

início do tratamento do filho, a família vez uma “vaquinha” e comprou o remédio. Depois, por

meio da Justiça, toda a medicação foi fornecida. O procedimento feito pela família de Anthony

é o mesmo que foi adotado pelos parentes de Maria do Carmo, mas o entendimento judicial foi 

diferente, apesar de os casos serem semelhantes.
Especialista


O presidente da Sociedade Mineira de Neurocirurgia, Carlos Batista Alves de Souza Filho, 

explicou que existem muitos tipos de tumores cerebrais, mas que o GBM é o mais agressivo.

De acordo com o neurocirurgião, “não se sabe a causa do surgimento, se tem a ver com algum 

componente familiar ou se é de forma aleatória”.
Segundo Souza Filho, o tratamento usual para a doença é a retirada total e parcial do tumor

por meio de uma cirurgia. Depois, o paciente passa por sessões de quimioterapia e 

radioterapia.
Sobre o temozolomida, o médico confirmou que o remédio evita a progressão e, alguns casos,

pode até levar à regressão do tumor. Com relação à sobrevida, o especialista disse que as

pessoas com o GBM vivem, em média, de seis meses a um ano, mas que existem exceções.
Governo

A Secretaria de Estado da Saúde de Minas Gerais informou que as secretarias estaduais não 

fornecem diretamente medicamentos contra o câncer pelos programas de assistência 

farmacêutica. Os remédios, segundo o órgão, são oferecidos pelos hospitais credenciados pelo 

Sistema Único de Saúde (SUS).
Depois destas alegações, com relação ao pedido da professora universitária Maria do Carmo

Xavier, a Justiça determinou a suspensão do remédio. Anteriormente, o juiz concedeu a tutela

antecipada com o fornecimento do medicamento.
Já o Ministério da Saúde informou que o tratamento é feito de forma descentralizada e

que varia de acordo com o método adotado por cada estado. Ainda segundo o órgão, quem

realiza a compra dos medicamentos são as secretarias de Saúde porque a decisão é de

competência local.
A Agência Nacional de Saúde Suplementar (ANS) informou que o temozolomida é um

medicamento oral que pode ser comprado em farmácias e tomado em casa e, portanto, é uma

exclusão de cobertura facultada no Artigo 10, da Lei 9.656/98. De acordo com a legislação, as

operadoras só estão obrigadas a fornecer o remédio para uso durante a internação (nos planos

hospitalares), mas não para uso domiciliar (que é o mais comum no caso do temozolomida).
TJMG

G1 procurou pelo Tribunal de Justiça de Minas Gerais (TJMG) para que o órgão se 

manifestasse a respeito de divergências em decisões judiciais para casos semelhantes, como 

os dois citados na reportagem. A assessoria de imprensa do TJMG informou que nenhum 

magistrado falaria sobre o entendimento dos colegas, mesmo sem falar especificamente das 

decisões sobre o fornecimento do temozolomida. Ainda de acordo com a assessoria, eles são 

impedidos legalmente e por questão de ética profissional de comentar veredictos.
Associação

Para ajudar pessoas na situação de Maria do Carmo e Anthony, Antônio está fundando a 

Associação de Amigos e Usuários de Medicamentos Excepcionais, com o objetivo de 

conseguir medicação para os que têm o GBM e outras doenças graves. “Além disso, 

queremos uma casa para abrigar os pacientes que vêm do interior para fazer tratamento em 

Belo Horizonte”, explicou. Quem quiser doar ou ajudar na implantação da associação pode 

ligar para o número (31) 8415-3585.
O mais contraditório é que nossa presidente passou por esta doença, porém com posses 

conseguiu além dos melhores médicos, os melhores tratamentos sem a NECESSIDADE QUE 

NÓS MORTAIS TEMOS DE MENDIGAR, DE IMPLORAR O QUE PAGAMOS EM IMPOSTOS 

DESVIADOS, EM TAXAS SEM SENTIDO...
http://simonnemachado.blogspot.com.br/


Professora  Psicopedagoga Simonne Machado