Aprovada na Fuvest aos 53 anos, advogada será 'bixete' do filho na USP
Lindamir Monteiro
prestou geografia para complementar a carreira.
'Ele
não quer me dizer qual vai ser o meu trote', afirmou a 'mãe-caloura'
A turma
de calouros do curso de geografia da Universidade de São Paulo, no horário
vespertino, terá uma "bixete" especial e já conhecida de um dos
veteranos: a advogada Lindamir Monteiro de Silva, de 53 anos, foi aprovada na
Fuvest 2013 nesta sexta-feira (1º) um ano depois de seu filho Kauê, de 20 anos,
garantir a vaga no mesmo curso. "Ele não quer me dizer qual vai ser o meu
trote", contou ela.
Lindamir, que passou 35 anos longe de matérias como física e
biologia, conta que a aprovação na Fuvest veio como um presente --ela completa
54 anos na próxima terça-feira (5). Depois de 23 anos trabalhando como
procuradora do Estado de São Paulo, Lindamir se aposentou em 2011 e, no ano
seguinte, se matriculou no cursinho pré-vestibular para complementar sua
carreira como advogada, que ela não considera ter terminado.
"Acho
que posso até dar aulas, mas o diploma de geografia é complementar da minha
profissão", explicou ela, que já atuou no setor da Procuradoria do Estado
responsável pela área ambiental.
Na tarde desta sexta-feira, ela e a filha Inaê, de 17 anos, planejavam
a comemoração do resultado, que já tem presença confirmada dos colegas da
procuradoria. Mas a festa de aniversário continua agendada, e Lindamir vai
celebrar com a família e os amigos, incluindo a única colega de cursinho mais
velha que ela, candidata do curso de direito. "Eu tinha uma amiga mais
velha, de 56 anos, uma médica, só que ela não passou", contou a advogada.
Lindamir optou pela turma vespertina do cursinho do Objetivo, na
Avenida Paulista. No horário das 17h às 21h, os alunos não são divididos entre
as grandes áreas (exatas, humanas e biológicas), e a caloura afirma que é
"uma turma meio desacreditada". Segundo ela, a classe começa com
quase 200, mas muitos acabam desistindo. "No final, os que foram para a
segunda fase eram umas dez pessoas. Fui [às aulas] até a véspera da
Fuvest."
A advogada explicou que não faltava às aulas, mas não estudava
em casa todos os dias. Foram 35 anos longe dos livros do ensino médio: seu
último vestibular fora em 1977, para uma faculdade de direito particular em
Presidente Prudente, no interior paulista, onde morava. Por isso, sua maior
dificuldade foi o reencontro com "essas matérias malucas como física,
química e biologia". Muitas vezes, Lindamir diz que teve a impressão de
nunca ter visto o conteúdo das disciplinas antes.
Na
primeira fase, porém, ela fez 54 pontos na primeira fase, bem acima da nota de
corte de 38 pontos. Ao sair da última prova da segunda fase, ela conta que
promoveu uma pequena comemoração, tamanha a confiança na garantia de uma vaga.
Mas, conforme se aproximava a data de divulgação da primeira chamada, a
confiança foi substituída pela apreensão. "Você fica pensando... Será que
passei? Sempre tem gente boa, e você nunca sabe", contou a advogada.
Quando a lista foi divulgada, ela preferiu pedir para a filha
buscar seu nome. Inaê, que também prestou a Fuvest e passou para a segunda fase
para arquitetura, não foi convocada na primeira chamada, mas comemorou a
aprovação da mãe.
Atena