computadores e Internet

segunda-feira, 1 de junho de 2015

Édouard Claparède um pioneiro da psicologia infantil

Édouard Claparède cientista suíço defendia a necessidade de estudar o funcionamento da mente infantil e de estimular na criança um interesse ativo pelo conhecimento






Na história da educação, o nome do psicólogo suíço Édouard Claparède (1873-1940) se encontra num ponto de confluência de várias correntes de pensamento.
Em sua formação, ele absorveu influências tanto da filosofia como da ciência da época. E sua obra favoreceu o desenvolvimento de duas das mais importantes linhas educacionais do século 20, a Escola Nova, cuja representante mais conhecida foi Maria Montessori (1870-1952), e o cognitivismo de Jean Piaget (1896-1980), que foi seu discípulo.

Muitos pensadores antes de Claparède” pregaram a importância de, na prática pedagógica, se levar em conta os processos mentais e a evolução das crianças, mas o faziam de um ponto de vista eminentemente intuitivo. Claparède”, ao contrário, tinha formação em medicina e pretendeu construir uma teoria científica da infância. 

Na introdução de seu livro Psicologia da Criança e Pedagogia Experimental”, o psicólogo diz que o ensino precisaria se basear no conhecimento das crianças tanto quanto a horticultura se baseia no conhecimento das plantas. "Ele achava que a educação deveria passar por uma ‘revolução copernicana’, deixando de ter o professor como centro para gravitar em torno do aluno", (*Muitos Educadores, como Libâneo e Vera Lúcia Candau hoje matem este pensamento e lutam para sua efetiva implantação nas aulas, também percebe-se a semelhança de pensamento com nosso Paulo Freire, que ensinava a partir do conhecimento do aluno, começando pelo extinto “Mobral” e buscando essa máxima para todos os alunos, independente de série, mas de sua vivência anterior.

Há que se lembrar que a Lei 9394/96 defende que o aluno poderá se matricular em série adequada, independente de escolarização anterior a partir de uma avaliação classificatória, ou seja se alisarmos TODAS AS IDEIAS, IDEAIS, DEFENDIDOS PELA LEGISLAÇÃO TEM LÁ SUA RAÍZ EM EDUCADORES ATEMPORAIS EMBORA CRONOLOGICAMENTE DISTANTE, IDEOLOGICAMENTE UNIDOS).


Édouard Claparède cientista suíço defendia a necessidade de estudar o funcionamento da mente infantil e de estimular na criança um interesse ativo pelo conhecimento.




Adequação ao ambiente

Claparède defendia uma abordagem funcionalista da psicologia, pela qual o ser humano é, acima de tudo, um organismo que "funciona".

Os fenômenos psicológicos, para ele, deviam ser abordados "do ponto de vista do papel que exercem na vida, do seu lugar no padrão geral de comportamento num determinado momento". Com base nisso, o pensamento é tido como uma atividade biológica a serviço do organismo humano, que é acionado diante de situações com as quais não se pode lidar por meio de comportamento reflexo. "Claparède defendia o estudo dos processos psicológicos como funções de adaptação ao ambiente".


Esse raciocínio levou Claparède a formular a lei da necessidade e do interesse, ou princípio funcional, que o tornou conhecido. Segundo ela, toda atividade desenvolvida pela criança é sempre suscitada por uma necessidade a ser satisfeita e pela qual ela está disposta a mobilizar energias. "O interesse é considerado a tradução psicológica da necessidade do sujeito”. Cabe então ao professor colocar o aluno na situação adequada para que seu interesse seja despertado e permitir que ele adquira o conhecimento que vá ao encontro do que procura. 

"É a necessidade que põe em movimento os indivíduos - animais e homens - e que faz vibrar os estímulos interiores para suas atividades", escreveu Claparède. "É isso que se pode notar em todo lugar e sempre, exceto, é verdade, nas escolas, porque estas estão fora da vida."


“Édouard Claparède cientista suíço defendia a necessidade de estudar o funcionamento da mente infantil e de estimular na criança um interesse ativo pelo conhecimento”.


Aprendizado ativo


Claparède criticava a escola de seu tempo com os mesmos argumentos do filósofo norte-americano John Dewey (1859-1952) - com quem compartilhava a pregação por uma escola que chamavam de "ativa", na qual a aprendizagem se dá pela resolução de problemas - e dos pedagogos do movimento da Escola Nova.
Todos eles condenavam a escola tradicional por considerar o aluno como receptáculo de informações e defendiam a prioridade da educação sobre a instrução. "O saber não tem nenhum valor funcional e não é um fim em si mesmo",defendia Claparède.

Surge com esses pensadores a noção de que a atividade, e não a memorização, é o vetor do aprendizado. Daí a importância que Claparède conferia à brincadeira e ao jogo. Eles seriam recursos na estratégia de despertar, no ambiente da escola, as necessidades e os interesses do aluno. "Seja qual for a atividade que se queira realizar na sala de aula, deve-se encontrar um meio de apresentá-la como um jogo", sugeriu Claparède. "Ele sustentava a ideia, totalmente nova para sua época, de que o sujeito psicológico é um sujeito ativo".

Segundo o psicólogo, conforme a criança cresce, a ideia de jogo vai sendo substituída pela de trabalho, seu complemento natural. 

Como os demais defensores da escola ativa, Claparède condenava o ensino de seu tempo por não dar suficiente infraestrutura aos educadores(*se estivesse vivo se enforcaria ao ver NOSSAS CONDIÇÕES DE ENSINO...)  para uma prática profissional metódica, amparada pela ciência e que permitisse a atualização constante.

Mas ele tinha uma visão bem mais utilitária da escola do que seus pares. Em vez de dar à criança condições de viver da melhor forma possível a infância, ele acreditava que a escola deveria priorizar o "rendimento" do aluno, ou seja, justificar os recursos fartos que, naquela época, os governos europeus começavam a canalizar para a educação.
A escola, segundo Claparède, deveria formar bons quadros profissionais para servir a uma sociedade que investia nessa formação. (*Mais uma vez relação com Vera Lúcia Candau e Libâneo).
O cientista defendia até uma atenção diferenciada para os estudantes que se revelassem mais aptos, de tal forma que pudessem ser submetidos a exigências maiores em classes constituídas apenas de "bons alunos”. (*um lado excludente que ainda hoje perdura, escolher a melhor sala para coordenar, dar atenção aos “melhores”, não se envolver com alunos problemáticos; não se “envolver, enfim, com “os rotulados meliantes)

Escolas talhadas para os alunos 

Claparède justificava sua proposta de uma "escola sob medida" (título de um de seus livros) dizendo que, na impossibilidade de haver uma escola para cada criança ou para cada tipo de inteligência, o sistema mais próximo disso seria o que permitisse a cada aluno "reagrupar o mais livremente possível os elementos favoráveis ao desenvolvimento de suas condutas pessoais".

Para isso, o psicólogo pregava reduzir o currículo obrigatório a conteúdos suficientes para a transmissão de um conhecimento que constituísse "uma espécie de legado espiritual de uma mesma geração", deixando a maior parte do período letivo para atividades escolhidas pelo próprio aluno.

Claparède recomendava ainda a adoção de outras estratégias, isoladamente ou combinadas, para o melhor aproveitamento das potencialidades intelectuais dos alunos, como as classes paralelas (uma para os estudantes mais “inteligentes” sic, outra para aqueles com maior dificuldade de aprendizado) e as classes móveis (que dariam a possibilidade de um mesmo aluno acompanhar diferentes disciplinas em ritmos diferentes, mais acelerados ou mais lentos, de acordo com suas aptidões).

O crescimento como adaptação contínua

A infância estava em alta como objeto de investigação científica nas últimas décadas do século 19.

De um lado, a urbanização, a sofisticação dos processos industriais e a disseminação das redes públicas de ensino criavam um interesse inédito pelas crianças.

De outro, as ciências da natureza viviam uma fase de euforia sob o impacto das descobertas de Charles Darwin (1809-1882). Foi o próprio Darwin o primeiro cientista a se dedicar ao estudo do desenvolvimento das crianças, quando, em 1840, começou a observar e anotar sistematicamente o processo de crescimento de um de seus filhos. 

Trabalhos de acompanhamento semelhantes, típico da psicologia experimental, foram aprofundados por outros pioneiros do estudo da criança, como o norte-americano Stanley Hall (1844-1924).

Claparède faz parte dessa linhagem e é um típico representante da psicologia influenciada pela biologia e pelo evolucionismo, para quem o conceito de vida corresponde a um processo de adaptação contínuo guiado pela lógica da utilidade e da eficiência. Para Claparède, assim como para os demais representantes do movimento da Escola Nova, o desenvolvimento de cada ser humano e de toda a espécie significa uma luta ou uma procura pela conservação da vida, o que ocorre pela interação com o ambiente.

Ao longo do século XX, a infância seria vista segundo outros parâmetros por diferentes escolas de pensamento.

Bora pensar:

Com sua abordagem funcionalista, Claparède foi um dos primeiros cientistas a chegar a uma conclusão a que outros pensadores, de diferentes escolas, também chegaram: o que diferencia o ser humano dos outros animais é a capacidade de transformar a natureza (e os ambientes que o cercam em geral). "É isso que produz cultura".Portanto, é preciso promover atividade na escola para que as crianças construam seu acesso ao aprendizado.

Você, amigo (a), costuma ter isso em mente? Você tem o hábito de observar que tipo de atividade faz com que seus alunos transformem NECESSIDADE em INTERESSE? Costuma oportunizar condições para que ELES possam satisfazer a curiosidade?


Professora  Psicopedagoga Simonne Machado