O filósofo norte-americano defendia a democracia e a liberdade de pensamento como instrumentos para a maturação emocional e intelectual das crianças.
Quantas vezes já ouvimos falar da
necessidade de valorizar a capacidade de pensar dos alunos? De prepará-los para
questionar a realidade? De unir teoria e prática? De problematizar?
Se você se preocupa com essas questões, já
esbarrou, mesmo sem saber, em algumas das concepções de John Dewey (1859-1952), filósofo norte-americano que influenciou
educadores de várias partes do mundo.
No Brasil inspirou o movimento da Escola Nova, liderado por Anísio Teixeira, ao
colocar a atividade prática e a democracia como importantes ingredientes da
educação.
Dewey é o nome mais célebre da
corrente filosófica que ficou conhecida como pragmatismo, embora ele preferisse
o nome instrumentalismo - uma vez
que, para essa escola de pensamento, as ideias só têm importância desde que
sirvam de instrumento para a resolução de problemas reais.
No campo específico da pedagogia, a
teoria de Dewey se inscreve na chamada educação progressiva. Um
de seus principais objetivos é educar a criança como um todo. O que importa é o
crescimento - físico,emocional e intelectual.
O princípio é que os alunos aprendem melhor realizando tarefas associadas aos conteúdos ensinados.(*uma das máximas de Paulo Freire....) Atividades manuais e criativas ganharam destaque no currículo e as crianças passaram a ser estimuladas a experimentar e pensar por si mesmas.
O princípio é que os alunos aprendem melhor realizando tarefas associadas aos conteúdos ensinados.(*uma das máximas de Paulo Freire....) Atividades manuais e criativas ganharam destaque no currículo e as crianças passaram a ser estimuladas a experimentar e pensar por si mesmas.
Nesse contexto, a democracia ganha peso, por
ser a ordem política que permite o maior desenvolvimento dos indivíduos, no
papel de decidir em conjunto o destino do grupo a que pertencem. Dewey defendia a democracia não só
no campo institucional mas também no interior das escolas.
Estímulo à cooperação
Influenciado pelo empirismo, Dewey criou uma
escola-laboratório ligada à universidade onde lecionava para testar métodos
pedagógicos. Ele insistia na necessidade
de estreitar a relação entre teoria e prática, pois acreditava que as hipóteses
teóricas só têm sentido no dia a dia.
Outro ponto-chave de sua teoria é a crença de que o
conhecimento é construído de consensos, que por sua vez resultam de discussões
coletivas. "O
aprendizado se dá quando compartilhamos experiências, e isso só é possível num
ambiente democrático, onde não haja barreiras ao intercâmbio de
pensamento", escreveu. Por isso, a escola deve
proporcionar práticas conjuntas e promover situações de cooperação, em vez de
lidar com as crianças de forma isolada.
Seu grande mérito foi ter sido um dos primeiros a chamar a atenção para a capacidade de pensar dos alunos.
Seu grande mérito foi ter sido um dos primeiros a chamar a atenção para a capacidade de pensar dos alunos.
Dewey acreditava que, para o sucesso do processo educativo, bastava um
grupo de pessoas se comunicando e trocando ideias, sentimentos e experiências
sobre as situações práticas do dia a dia.
Ao mesmo tempo, reconhecia que, à medida que as
sociedades foram ficando complexas, a distância entre adultos e crianças se
ampliou demais. Daí
a necessidade da escola, um espaço onde as pessoas se encontram para educar e
ser educadas. O papel dessa instituição, segundo ele, é
reproduzir a comunidade em miniatura, apresentar o mundo de um modo
simplificado e organizado e, aos poucos, conduzir as crianças ao sentido e à
compreensão das coisas mais complexas.
Em outras palavras, o objetivo da escola deveria
ser ensinar a criança a viver no mundo.
"Afinal, as crianças não estão, num dado
momento, sendo preparadas para a vida e, em outro, vivendo", ensinou, argumentando que o aprendizado se dá
justamente quando os alunos são colocados diante de problemas reais.
A educação, na visão deweyana, é
"uma constante reconstrução da experiência, de forma a dar-lhe cada vez
mais sentido e a habilitar as novas gerações a responder aos desafios da
sociedade".
Educar,
portanto, é mais do que reproduzir conhecimentos. É incentivar o desejo de
desenvolvimento contínuo, preparar pessoas para transformar algo.
A experiência educativa é, para Dewey, reflexiva, resultando em novos conhecimentos. Deve seguir alguns pontos essenciais: que o aluno esteja numa verdadeira situação de experimentação, que a atividade o interesse, que haja um problema a resolver, que ele possua os conhecimentos para agir diante da situação e que tenha a chance de testar suas ideias.
A experiência educativa é, para Dewey, reflexiva, resultando em novos conhecimentos. Deve seguir alguns pontos essenciais: que o aluno esteja numa verdadeira situação de experimentação, que a atividade o interesse, que haja um problema a resolver, que ele possua os conhecimentos para agir diante da situação e que tenha a chance de testar suas ideias.
Reflexão e ação devem estar ligadas, são
parte de um todo indivisível. Dewey acreditava que só a
inteligência dá ao homem a capacidade de modificar o ambiente a seu redor.
Liberdade
intelectual para os alunos
A filosofia deweyana remete a uma prática docente
baseada na liberdade do aluno para elaborar as próprias certezas, os próprios
conhecimentos, as próprias regras morais. Isso não significa reduzir a
importância do currículo ou dos saberes do educador.
Para Dewey, o
professor deve apresentar os conteúdos escolares na forma de questões
ou problemas e jamais dar de antemão respostas ou soluções prontas.
Em lugar de começar com definições ou conceitos já
elaborados, deve usar procedimentos que façam o aluno raciocinar e elaborar os
próprios conceitos para depois confrontar com o conhecimento sistematizado.
Pode-se afirmar que as teorias mais modernas da
didática, como o CONSTRUTIVISMO e as bases teóricas dos Parâmetros Curriculares
Nacionais, têm inspiração nas ideias de Dewey.
BIOGRAFIA
John Dewey nasceu em 1859 em Burlington, uma pequena cidade agrícola do estado norte-americano de Vermont. Na escola, teve uma educação
desinteressante e desestimulante, o que foi compensado pela formação que
recebeu em casa.
Ainda criança, via sua mãe confiar aos filhos pequenas tarefas para
despertar o senso de responsabilidade.
Foi professor secundário por três anos antes de cursar a Universidade Johns Hopkins, em Baltimore. Estudou artes e filosofia e
tornou-se professor da Universidade de Minnesota.
Escreveu sobre filosofia e educação, além de
arte, religião, moral, teoria do conhecimento, psicologia e política.
Seu interesse por pedagogia nasceu da observação de
que a escola de seu tempo continuava, em grande parte, orientada por valores
tradicionais, e não havia incorporado as descobertas da psicologia, nem
acompanhara os avanços políticos e sociais. Fiel à causa democrática, participou de vários
movimentos sociais. Criou uma
universidade-exílio para acolher estudantes perseguidos em países de regime
totalitário. Morreu em 1952, aos 93 anos.
Professora Psicopedagoga Simonne Machado