sexta-feira, 5 de junho de 2015

Henri Wallon, o educador integral- Atentem para o item "bora pensar"

Henri Wallon, o educador integral



Militante apaixonado, o médico, psicólogo e filósofo francês mostrou que as crianças têm também corpo e emoções (e não apenas cabeça) na sala de aula.


Falar que a escola deve proporcionar formação integral (intelectual, afetiva e social) às crianças é comum hoje em dia.
No início do século passado, porém, essa idéia foi uma verdadeira revolução no ensino. Uma revolução comandada por um médico, psicólogo e filósofo francês chamado Henri Wallon (1879-1962).
Sua teoria pedagógica, que diz que o desenvolvimento intelectual envolve muito mais do que um simples cérebro, abalou as convicções numa época em que memória e erudição eram o máximo em termos de construção do conhecimento.
Wallon foi o primeiro a levar não só o corpo da criança, mas também suas emoções para dentro da sala de aula. Fundamentou suas ideias em quatro elementos básicos que se comunicam o tempo todo: a afetividade, o movimento, a inteligência e a formação do eu como pessoa.
Militante apaixonado (tanto na política como na educação), dizia que reprovar é sinônimo de expulsar, negar, excluir. Ou seja, "a própria negação do ensino". 

As emoções, para Wallon, têm papel preponderante no desenvolvimento da pessoa. É por meio delas que o aluno exterioriza seus desejos e suas vontades. Em geral são manifestações que expressam um universo importante e perceptível, mas pouco estimulado pelos modelos tradicionais de ensino.

Afetividade

As transformações fisiológicas em uma criança (ou, nas palavras de Wallon, em seu sistema neurovegetativo) revelam traços importantes de caráter e personalidade. "A emoção é altamente orgânica, altera a respiração, os batimentos cardíacos e até o tônus muscular, tem momentos de tensão e distensão que ajudam o ser humano a se conhecer", Segundo ele, a raiva, a alegria, o medo, a tristeza e os sentimentos mais profundos ganham função relevante na relação da criança com o meio. "A emoção causa impacto no outro e tende a se propagar no meio social".
Diz que a afetividade é um dos principais elementos do desenvolvimento humano.
                                                                            
Wallon na escola: humanizar a inteligência

Diferentemente dos métodos tradicionais (que priorizam a inteligência e o desempenho em sala de aula), a proposta walloniana põe o desenvolvimento intelectual dentro de uma cultura mais humanizada.
A abordagem é sempre a de considerar a pessoa como um todo. 

Elementos como afetividade, emoções, movimento e espaço físico se encontram num mesmo plano.

As atividades pedagógicas e os objetos, assim, devem ser trabalhados de formas variadas. Numa sala de leitura, por exemplo, a criança pode ficar sentada, deitada ou fazendo coreografias da história contada pelo professor.

Os temas e as disciplinas não se restringem a trabalhar o conteúdo, mas a ajudar a descobrir o “EU” no outro. Essa relação dialética ajuda a desenvolver a criança em sintonia com o meio.

Movimento 

Segundo a teoria de Wallon, as emoções dependem fundamentalmente da organização dos espaços para se manifestarem. A motricidade, portanto, tem caráter pedagógico tanto pela qualidade do gesto e do movimento quanto por sua representação. Por que, então, a disposição do espaço não pode ser diferente?

Não é o caso de quebrar a rigidez e a imobilidade adaptando a sala de aula para que as crianças possam se movimentar mais? Mais que isso, que tipo de material é disponibilizado para os alunos numa atividade lúdica ou pedagógica? Conforme as ideias de Wallon, a escola infelizmente insiste em imobilizar a criança numa carteira, limitando justamente a fluidez das emoções e do pensamento, tão necessária para o desenvolvimento completo da pessoa. 

Estudos realizados por
Wallon com crianças entre 6 e 9 anos mostram que o desenvolvimento da inteligência depende essencialmente de como cada uma faz as diferenciações com a realidade exterior. Primeiro porque, ao mesmo tempo, suas ideias são lineares e se misturam - ocasionando um conflito permanente entre dois mundos, o interior, povoado de sonhos e fantasias, e o real, cheio de símbolos, códigos e valores sociais e culturais.

Nesse conflito entre situações antagônicas ganha sempre a criança. É na solução dos confrontos que a inteligência evolui. Wallon diz que o sincretismo (mistura de ideias num mesmo plano), bastante comum nessa fase, é fator determinante para o desenvolvimento intelectual. Daí se estabelece um ciclo constante de boas e novas descobertas. 

O eu e o outro 

A construção do eu na teoria de Wallon depende essencialmente do outro. Seja para ser referência, seja para ser negado. Principalmente a partir do instante em que a criança começa a viver a chamada crise de oposição, em que a negação do outro funciona como uma espécie de instrumento de descoberta de si própria. Isso se dá aos 3 anos de idade, a hora de saber que "eu" sou. "Manipulação (agredir ou se jogar no chão para alcançar o objetivo), sedução (fazer chantagem emocional com pais e professores) e imitação do outro são características comuns nessa fase". "Até mesmo a dor, o ódio e o sofrimento são elementos estimuladores da construção do eu", Isso justifica o espírito crítico da teoria walloniana aos modelos convencionais de educação.

Biografia

Henri Wallon nasceu em Paris, França, em 1879. Graduou-se em medicina e psicologia. Fez também filosofia.
Atuou como médico na Primeira Guerra Mundial (1914-1918), ajudando a cuidar de pessoas com distúrbios psiquiátricos. Em 1925, criou um laboratório de psicologia biológica da criança. Quatro anos mais tarde, tornou-se professor da Universidade Sorbonne e vice presidente do 

Grupo Francês de Educação Nova - instituição que ajudou a revolucionar o sistema de ensino daquele país e da qual foi presidente de 1946 até morrer, também em Paris, em 1962.

Ao longo de toda a vida, dedicou-se a conhecer a infância e os caminhos da inteligência nas crianças.

Militante de esquerda, participou das forças de resistência contra Adolf Hitler e foi perseguido pela Gestapo (a polícia política nazista) durante a Segunda Guerra (1939-1945).

Em 1947, propôs mudanças estruturais no sistema educacional francês. Coordenou o projeto Reforma do Ensino, conhecido como Langevin-Wallon - conjunto de propostas equivalente à nossa Lei de Diretrizes e Bases.

Nele, por exemplo, está escrito que nenhum aluno deve ser reprovado numa avaliação escolar.

Em 1948, lançou a revista Enfance, que serviria de plataforma de novas ideias no mundo da educação - e que rapidamente se transformou numa espécie de bíblia para pesquisadores e professores.
Crises sociais e instabilidades políticas foram fundamentais para o francês Henri Wallon construir sua teoria pedagógica.

As duas grandes guerras mundiais, o avanço dos regimes fascista e nazista na Europa, a revolução comunista na Rússia e as guerras pela libertação das colônias africanas, na primeira metade do século XX, serviram de estímulo para que ele organizasse suas ideias.

A valorização da afetividade (emoções) como elemento essencial no desenvolvimento da pessoa trouxe um novo alento à filosofia da educação. Isso explica, em parte, a visão marxista que deu à sua obra e por que aderiu, no período anterior à Primeira Guerra, aos movimentos de esquerda e ao Partido Socialista Francês. "Ditadura e educação", dizia ele, "são inimigos eternos."

Bora pensar:

A obra de Wallon faz uma resistência contumaz aos métodos pedagógicos tradicionais. Numa época de crises, guerras, separações e individualismos como a nossa, não seria melhor começar a pôr em prática nas escolas ideias mais humanistas, que valorizem desde cedo a importância das emoções?

*A teoria de Henri Wallon ainda é um desafio para muitos pais, escolas e professores. Entre tantas razões, por não remos sido preparados para administra-las em aulas/gestão. Também não temos nem de longe os recursos (financeiros, psicológicos, humano e, sobretudo unidade entre os 

Educadores. Seria maravilhoso desfrutar de seus conceitos na prática, mas havemos de respeitar às limitações que o próprio sistema educacional os impõem, até mesmo nossos colegas ainda mais resistentes aos “novos tempos”.Todos estes pensadores, estudiosos, apresentam teorias magnânimas, entretanto em países de 1º mundo, onde há interesse e consequentemente suporte à Educação como um todo.

Quando Wallon  fala sobre “respeito aos sentimentos, percebe-se que se refere apenas aos alunos, quem portanto dará o suporte mais que necessário e urgente ao EDUCADOR? Quase 70% dos Educadores sofrem de depressão ou doença emocional similar como a pouco DIVULGADA, MAS NÃO MENOS MALÉFICA DE A Síndrome de Burnout (do inglês “burn” = queima, “out” = exterior) é o nome dado à exaustão completa que vem afetando muitos profissionais que trabalham diretamente com pessoas como médicos, professores, enfermeiros, psicólogos, assistentes sociais, policiais, alunos, até mesmo artistas, atletas e profissionais liberais que lidam com clientes, consumidores e usuários.
Quem sofre de Burnout geralmente fica sob um nível de estresse gritante, cansaço e mal-estar generalizado, apresentando sinais de esgotamento emocional, psíquico e físico que estão intimamente relacionados ao desempenho e à atividade PROFISSIONAL .(SE IDENTIFICOU OU CONHECE ALGUM COLEGA NESTAS CONDIÇÕES?) Além disso, o indivíduo desenvolve atitudes negativas, sentimento de fracasso, de impotência diante dos problemas e baixa autoestima. 

Também é comum a pessoa que sofre desse mal apresentar-se irritadiço com todos à sua volta, por se sentir frustrado.

Para que enfim possamos aplicar todos os conceitos até agora vistos urge que tenhamos respaldo humano, respaldo de recursos, respaldo de colegas, respaldo do Sistema Educacional.

Professora  Psicopedagoga Simonne Machado


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Professora Simone Calixto